Moradores da praia do Coqueiro protestam contra grilagem de terras

Segundo os denunciantes, um antigo dono de cartório favorece a pessoas de alto poder aquisitivo a posse do registro de imóvel de terrenos que são de moradores nativos


 Moradores da praia do Coqueiro protestam contra grilagem de terras
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Na manhã desta quarta, 11/08, um grupo de moradores da localidade Coqueiro da Praia, município de Luís Correia, reuniu-se para protestar contra os casos de grilagem de terras onde supostos proprietários, porque possuem registro de imóvel, mesmo sem jamais terem morado no local, estão intimidando as famílias e exigindo a saída dos nativos de suas casas.

Segundo Pedro Araújo Amaral, filho de pescador, nascido e criado na região, mora no mesmo local há vários anos e nunca conseguiu legalizar seu terreno, após várias tentativas, algumas delas por falta de dinheiro. Pedro desabafa dizendo que “nós nativos não temos direito nenhum. É por isso que nós estamos hoje aqui lutando pelos nossos direitos; porque nós somos de famílias nativas, realmente nativas, primeiros fundadores do coqueiro, e hoje eu tenho aqui essa área que é minha. Tem aproximadamente de três a quatro anos que está na justiça, nunca se decide nada e nós queremos legalizar, nós queremos nosso direito. Quebraram tudo que é meu aqui, como de outros companheiros também nativos”.

O morador informa ainda que pessoas desconhecidas conseguem comprar facilmente as terras, não se sabe de quem, e já aparecem o documento do imóvel, porque são de alto poder aquisitivo. Pedro Araújo enfatizou que “uma das vezes que eu quis legalizar isto aqui, a quantidade exorbitante em valores. Como é que eu iria fazer a documentação, registrar um imóvel desse aqui? Aí chega um outro de fora, que tem dinheiro, de repente aparece com o registro, por que teve dinheiro”, denuncia.

Outra moradora também nativa do Coqueiro, Francisca Maria, informa que tem 46 anos e lamenta até hoje não ter seu imóvel legalizado. “Sou a caçula do meu pai; meu pai está com 77 anos; hoje ele é dono da própria casa, mas, não tem nenhum documento porque não existia na época que era vila de pescadores na praia do coqueiro, e com decorrer do tempo, e o desenvolvimento com a entrada do turista, não havia registro de imóvel”.

Francisca denuncia que a grilagem de terras em Luís Correia conta com a participação de um ex-dono do cartório da cidade. Segundo ela, “depois da entrada do gestor Manuel Barbosa, que houve o chamado documento inventado, o documento criado, que é o registo de imóvel hoje que está tomando todas as terras dos nativos do coqueiro, intimidando com o poder chamado a justiça, que os policiais vêm intimidando os nativos. Esse é o maior sofrimento que os nativos hoje estão sofrendo”.

A moradora disse ainda que a comunidade não tem contado com a ajuda do poder público municipal e que esperam apoio da Prefeita Maninha Fontenele. “Nós temos que cobrar isso da gestora. Ela tem que tá do lado do povo, representar o povo, e lutar pelo povo. Porque o povo tá sofrendo, a justiça tá se calando, as autoridades municipais estão se calando”, afirmou.

Revoltada, Francisca Maria pediu o retorno das investigações em torno da Operação “Nullius Terram” e “sal da terra”, deflagrada em 28 de maio de 2019 pelo Gaeco e a Polícia Civil nas cidades de Luís Correia e Teresina. “A gente pede que as autoridades superiores voltem na investigação. Porque houve a investigação do GAECO, houve a investigação da operação “terra nullius”, que constou a grilagem de terra. E hoje nós estamos aqui sendo ameaçados, abordados, intimidados pelo poder do ex-gestor do cartório da cidade de Luís Correia. Então hoje nós lutamos por justiça. Que a justiça se faça presente. Que o Ministério Público se faça presente e lute pelas causas públicas, que é as terras dos nativos”, concluiu.

Informações e imagens: Hilder Monção

Texto de Samuel Aguiar

Relembre o caso da operação sobre grilagem de terras em Luís Correia: https://www.mppi.mp.br/internet/2019/05/nota-imprensa-acerca-das-operacoes-nullius-terram-e-sal-da-terra/

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